A emoção tomou conta de Neidinha Bandeira e Txai Surui, de Rondônia, durante a homenagem ocorrida na premiação "Melhores do Ano", neste domingo de Natal, no programa de Luciano Huck, na Globo. Com discurso forte em defesa da causa indígena e das minorias, elas foram aplaudidas de pé pela plateia.
A indicação para que as duas fossem homenageadas foi do presidente do projeto Saúde e Alegria, médico Caetano Scannavino,de Santarém, (PA), que atua com os ribeirinhos na região dos Tapajós. Ele apoia também a causa indígena.
Durante a homenagem, foi exibido vídeo com entrevistas de ativistas, assim como o trabalho que as duas desenvolvem em Rondônia por meio da ONG Kanidé, que está completando 30 anos de instalação e atua em defesa de 21 povos indígenas de Rondônia.
A kanidé foi fundada em 1992 por Neidinha Bandeira e um grupo de amigos. Inicialmente, ela entrou para a Funai para trabalhar como chefe do posto dos Uru-Eu-Wau-Wau, mas vendo de perto a luta dos povos indígenas decidiu fundar a ONG para apoiá-los.
A ativista é filha de seringueiros. Nasceu no Acre. Ela disse que cresceu ouvindo sua mãe ler as histórias dos livros de bolso que mostrava os não indígenas entrando nos territórios indígenas e expulsando os nativos de suas terras e depois viravam heróis. “Isto ainda se repete atualmente”, disse.
Txai Surui, 24 anos, cujo pai é o líder indígena Almir Surui, falou da importância de ter participado da Conferência do Clima (COP26) na Escócia, discursando para os maiores líderes mundiais. “A minha participação teve uma repercussão mundial muito grande e isso chamou a atenção para nossa causa”, disse. Ela foi a única brasileira a discursar na COP26. “Este chão que a gente está pisando, é terra indígena e vamos continuar lutando”, declarou.
“Txai é muito melhor do que eu. Nós nos conectamos por meio do olhar”, diz a mãe orgulhosa, acrescentando que tem uma satisfação enorme dela, pois furou uma bolha dificílima de romper.