O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse há pouco que a desocupação dos acampamentos em frente aos quartéis depende do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro. Em entrevista coletiva à imprensa, informou que Múcio reuniu-se, no início da noite, com os comandantes das Forças Armadas e que cabe a ele tomar as devidas providências em relação às ocupações em áreas militares.
“Há uma diretriz do comandante das Forças Armadas que é o presidente da República e claro que essa diretriz será cumprida nas próximas horas, acerca dessa condição de haver uma sede física para esses atos, que não são atos de índole puramente política. O ministro Múcio, com certeza, vai tomar as providências, declarou.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, no entanto, disse que a orientação dada ao novo interventor na segurança pública do Distrito Federal, o secretário-executivo da pasta, Ricardo Cappelli, deu a orientação de prender em flagrante os extremistas que continuam nas ruas, independentemente da proximidade dos participantes em relação aos quartéis.
“Faço questão de reiterar que as pessoas que participaram desses eventos, que neste momento ainda estão em flagrante, estejam onde estiverem serão presas. Se estarão na frente do quartel, perto do quartel, ao lado do quartel, pouco importa porque elas estão tecnicamente em flagrante”, afirmou.
Dino ressaltou que os vândalos acabaram de cometer crimes graves, cuja pena vai até 12 anos, no caso de golpe de Estado. “Se nós colocarmos os crimes de dano, inclusive ao patrimônio histórico, e de agressões físicas, falamos de penas que com certeza podem ultrapassar até 20 anos”, lembrou.
O ministro descartou a tomada de medidas imediatas contra o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, por omissões em relação à depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília. Segundo ele, qualquer medida contra o governador dependerá das investigações.
“Não há esse planejamento [de tomar medidas diretas contra o governador Ibaneis Rocha] porque isso dependerá das investigações que serão feitas pelas Polícias Judiciárias. O governador Ibaneis vai politicamente prestar os esclarecimentos que considerar cabíveis e não há o planejamento de qualquer ação em relação ao governador Ibaneis”, disse Dino, em entrevista coletiva.
Segundo o ministro, o governador do Distrito Federal baseou-se em informações erradas sobre o poder dos extremistas nos atos de hoje. “Ele [Ibaneis] trabalhou com a gente antes da posse. Temos um trabalho de colaboração”, afirmou Flávio Dino, dizendo não acreditar que Ibaneis tenha agido de má-fé.
Ele também criticou a mudança de planejamento nas operações de segurança para hoje e disse só ter sabido das alterações pela imprensa. “Não houve comunicação [por parte do Governo do Distrito Federal] de mudança de planejamento. Soube da informação por meio da imprensa. Questionei ele [Ibaneis] ontem (7), questionei novamente hoje e disse que não estava correto”, disse o ministro.
Secretário de Relações Institucionais da Presidência da República, Antônio Padilha, disse ter sido informado de que havia, nas invasões, terroristas com a intenção de colocar e deixar artefatos explosivos e bombas nos prédios dos Três Poderes “para afetar ainda mais pessoas”.
“Vamos agora recolher provas materiais visando a responsabilidade criminal. Sabemos que o objetivo de quem financiou esses atos não era apenas o depredar, mas de mobilizar outros atos pelo país, de forma a viabilizar um golpe que não reconhecesse o processo eleitoral. Vamos atrás de quem financia o terrorismo em nosso país”, declarou.
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