
Quem consegue conviver pacificamente face aos altos níveis de toxidades entre as questões de vida, modelos questionáveis de gestão no ambiente educacional, famílias enfermas e relações difíceis com alunos?
São profissionais que ingressam ao mercado de trabalho a partir do seu currículo e experiência, mas, atualmente, questões de ordem mental e emocional estão em total destaque. Quem são os professores que estão isentos de viver esta realidade hoje?
Muitos professores estão trabalhando com medo frequente, estresse intenso e pisando em ovos. Uma parte deles está sendo desrespeitada por muitos pais, alunos ou pelos próprios gestores. Como eles poderão contribuir de maneira substancial e qualificada na vida desses alunos?
Alguns sintomas típicos presentes em qualquer relação com algum nível de toxicidade: dores de cabeça, instabilidade emocional, estresse recorrente, tensão ou apreensão, medo, esquecimento da memória recente ou lapsos de memória, movimentos peristálticos ou tremores nervosos em regiões localizadas como na face, músculos nos braços ou nas pernas, aceleração dos batimentos cardíacos, instabilidades gástricas e muitos outros.
Sendo assim, nota-se que estes profissionais estão com fortes sinais de desgaste, impotência ou desmotivação, por mais que eles tenham participado das belíssimas jornadas pedagógicas com profissionais de renome. O que observamos é que, mesmo antes do finalizar o primeiro mês de aula do calendário letivo, a estafa já lhe visitou. Se você é profissional da educação, sabe o que está sendo exposto aqui. E, então, você viveu esta realidade?
Ainda sobre as jornadas pedagógicas, nada contra a realização delas, mas destaco que é um momento circunscrito, típico de início letivo. Entretanto, sendo ela um momento pontual, não entrega todos os ingredientes necessários para que estes profissionais permaneçam nutridos, motivados e com o apoio mental e emocional fortalecido perante o percurso que lhes espera ao longo do ano.
Afinal de contas, é a rotina diária que determina os impactos no corpo físico. Só eles sabem os sapos que engolem a cada dia de trabalho, não é mesmo?
A maioria dos professores vive no limite das suas resistências, não importa se eles cumprem as suas horas de trabalho no ambiente educacional público ou privado. Muitas são as queixas. Entre elas, muito mais que a remuneração, está o fato de trabalhar além do que foi contratado inicialmente. Afinal, algumas exigências vão surgindo ao longo do caminho. Muitos deles, para não ficarem mal vistos ou para não perderem o emprego, percorrem caminhos onde entregam mais do que recebem. O que você faz nestas circunstâncias?
Em muitos casos, eles carregam funções que não são suas, em especial atenção à situação dos professores da educação infantil e fundamental 1. Afinal, eles passam mais tempo com os alunos em sala. Apesar da educação infantil ter auxiliares de classe, existem muitos desgastes também.
Há ainda situações nas quais eles são responsáveis por tudo e raramente são reconhecidos pelo que fazem. Já tem pais querendo que os professores deem orientações de como criar os seus filhos. Você já passou por essa situação?
Realmente é urgente um acompanhamento destes profissionais de forma responsável e comprometida. Em muitos casos, observamos amor pela profissão. Em outros, a oportunidade de mercado. Outros ainda ingressam por falta de opção ou por acreditarem que não ficariam desempregados. Tão logo, cada perfil que ingressa à educação entregará de acordo com suas próprias motivações, visão, coragem e competência.
Ainda assim, esses valores serão apenas uma parte da sustentação para prosseguir diante de dias tão complexos. E os pais, como eles lhe enxergam? Eles enxergam ou querem definir o que vocês (professores) devem ensinar aos filhos deles?
Mas sabemos que uma grande parcela segue para a zona de enfrentamento com o que tem, na certeza do que irá receber no final do mês. Hoje, eles estão na sala fisicamente, mas emocionalmente desconectados.
Como está a sua saúde emocional nos dias atuais, caro(a) professor(a)? Você tem apoio substancial da sua coordenação pedagógica quando precisa? Ou a direção escolar só aparece para gerar novas demandas e cobranças?
Uemerson Florêncio – Escritor, treinador, palestrante e correspondente internacional, onde expõe sobre análise da linguagem corporal, gestão da imagem, reputação e crises. Graduando em psicopedagogia pela Universidade Estácio de Sá.