Vinícius da Silva Melo Abade, apontado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro como líder do chamado “Cartel Brasil”, foi preso durante uma operação na última quarta-feira (14), em um apartamento na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Ele é acusado de chefiar uma organização criminosa que pretendia se tornar a maior produtora e distribuidora de drogas sintéticas do Brasil.
Durante a ação, os agentes apreenderam sete carros de luxo, substâncias químicas e entorpecentes. Segundo os investigadores, Abade não agia sozinho: nove suspeitos foram presos e outros 16 seguem foragidos, incluindo pessoas consideradas essenciais na estrutura do grupo.
Mesmo sem formação em química, Vinícius estruturou laboratórios clandestinos em comunidades controladas pelo Comando Vermelho, como os complexos da Penha e do Alemão, além de regiões da Rocinha e da Baixada Fluminense. Ele teria aprendido a manipular substâncias químicas por meio de tutoriais na internet e utilizava empresas de fachada — como uma perfumaria em seu nome — para adquirir insumos como cafeína e efedrina.
De acordo com o delegado federal Samuel Escobar, os integrantes do grupo levavam uma vida de ostentação longe das favelas: viajavam com frequência, usavam jet-skis e embarcações de luxo, e acumulavam joias e veículos importados. Apesar da tentativa de manter um perfil discreto, vídeos recuperados pela PF mostram festas e objetos com logotipos do próprio cartel.
As investigações revelaram um esquema estruturado que incluía:
Instalação de laboratórios em áreas dominadas por facções, com repasse de parte da produção como “taxa” de operação;
Uso de empresas fictícias para adquirir legalmente os insumos;
Envolvimento de crianças na produção das drogas, conforme aponta a PF;
Capacidade de fabricar insumos para até 4 milhões de comprimidos em uma única remessa;
Comercialização das drogas por meio da internet, com distribuição interestadual feita por “mulas”;
Identidade visual própria, com logotipos presentes em joias e acessórios dos membros.
Além de Vinícius, também foram presos Matheus de Lima Viana, conhecido como “Matheuzinho”, acusado de gerenciar os laboratórios na Penha, e outros membros da cúpula da organização. Dois nomes considerados importantes na logística e contabilidade do grupo, Diego Bras (Fex) e Rômulo César (Rato), continuam foragidos.
Para dificultar a reestruturação do cartel, a Polícia Federal e o Ministério Público solicitaram o bloqueio de aproximadamente R$ 50 milhões em bens, incluindo imóveis, carros e contas bancárias. A operação é parte de um esforço para interromper o avanço da organização no mercado de entorpecentes sintéticos em território nacional.