O presidente da Câmara de Boa Vista, Genilson Costa (Republicanos), e o subcomandante-geral da Polícia Militar (PM), coronel Francisco das Chagas Lisboa, foram presos pela Polícia Federal numa operação que investiga o apoio financeiro do tráfico de drogas para compra de votos nas eleições municipais de 2024. A ação foi deflagrada nesta quarta-feira (18), um dia após o vereador ser diplomado em Boa Vista.
A esposa de Genilson, a policial civil Natalie Guimarães, também foi presa. A defesa de Genilson Costa (Republicanos) classificou a prisão do vereador como "arbitrária, injusta e ilegal". Já a PM disse, em nota, que está acompanhando o caso.
De acordo com as investigações, Genilson comprava votos dos eleitores em Boa Vista para se reeleger utilizando dinheiro do tráfico de drogas. O coronel Francisco Lisboa informava o vereador sobre as denúncias de compra de votos recebidas, quebrando o sigilo do canal de comunicação da PM.
A Operação Martellus foi deflagrada com o objetivo de desarticular a associação criminosa criada durante o período eleitoral de 2024 para comprar de votos além de praticar outros crimes eleitorais. Ao menos R$ 1 milhão teriam sido utilizados na compra de votos.
A PF cumpre 18 mandados de busca e apreensão e 14 mandados de prisão temporária expedidos pela Justiça da 1ª Zona Eleitoral de Roraima - 12 já foram cumpridos, incluindo contra Genilson, Natalie e o coronel Lisboa. Armas também foram apreendidas na operação.
Genilson, se reelegeu como vereador neste ano com 3.744 votos, vai para o terceiro mandado seguido na Câmara de Boa Vista (em 2016, foi eleito pela primeira. Depois, em 2020) e foi o terceiro mais bem votado em 2024.
O coronel Francisco Lisboa foi nomeado como subcomandante no dia 20 de novembro - há menos de um mês. A definição do cargo ocorreu um dia depois do governador de Roraima Antonio Denarium exonerar da função a coronel Valdeane Alves, a primeira mulher que ocupou o cargo.
A investigação teve início após a prisão em flagrante de dez pessoas no dia 5 de outubro deste ano pelo crime de corrupção eleitoral. Na ocasião, um suspeito, apontado na investigação como líder da campanha de Genilson Costa, teria cooptado eleitores para votar no presidente, que disputava a reeleição ao cargo de vereador no município de Boa Vista.
Em contrapartida ao voto, essas pessoas teriam recebido valores que variavam entre R$ 100 e R$ 150.
No dia 6 de outubro, uma busca e apreensão conduzida pela PF identificou a prática de diversos crimes eleitorais, culminando na prisão em flagrante do candidato pela prática dos crimes de corrupção eleitoral, lavagem de dinheiro e por ter ouro em sua forma bruta em sua residência, o que é crime.
Após a prisão, o então candidato foi liberado após impetrar habeas corpus.
O esquema liderado por Genilson, de acordo com a PF, conta com apoio de agentes públicos, incluindo subcomandante da PM, que manteria o vereador informado sobre denúncias recebidas sobre a compra de votos investigada.
O vereador possuía um grupo em aplicativo de mensagens onde os envolvidos faziam as prestação de contas sobre o esquema.
O inquérito policial aponta que Genilson, que já foi investigado em outros momentos por diversos crimes, teria recebido patrocínio do tráfico para o exercício de suas atividades parlamentares, inclusive, para a disputa à presidência da casa legislativa municipal.
Os investigados poderão ser indiciados pelos crimes de associação criminosa, corrupção eleitoral, falsidade ideológica eleitoral, transporte ilegal de eleitores, violação do sigilo do voto, violação de sigilo funcional, prevaricação e lavagem de dinheiro.